Poderia me dizer o que comeu no almoço de ontem? Não lembrou? Isso não teria acontecido se você tivesse imaginado os brócolis como árvores dançantes sobre o rio de feijão rodeado por flocos de neve-arroz. Não entendeu nada? Vamos às explicações.
Primeiro, sobre a memória. Caso você pesquise no Google o termo “memória”, a maioria dos resultados estará relacionada não à capacidade de gravar coisas em nosso cérebro, mas sim à armazenagem de dados em computadores. Isso reflete como atualmente esses dispositivos tecnológicos funcionam como extensões de nosso conhecimento. Não é à toa que recorremos à pendrives, CD’s e HD’s para dar conta de toda a informação que recebemos diariamente.De acordo com um estudo realizado pela Cisco, em 2011, os internautas no mundo inteiro consumiram uma média de 30,7 exabytes por mês (o tamanho correspondente a 6 milhões de filmes em alta definição de 5 GB). Ainda de acordo com as previsões da Cisco, o consumo de dados chegará à marca de 110 exabytes por mês em 2016. Haja cérebro!
Neurônios na academia
O fortalecimento das conexões entre os neurônios, processo que forma as memórias no nosso cérebro, depende de uma proteína chamada miosina-5b — muito parecida com outra proteína, a miosina, que dá força para os músculos do corpo. A partir daí, dizer que precisa “malhar” o cérebro soa menos estranho. Exercitar a memória a deixa cada vez mais forte.
Mas, com tantas facilidades, acabamos nos exercitando menos. Assim como escolhemos o elevador ao invés das escadas, não nos esforçamos para decorar um número de telefone, já que podemos anotá-lo na agenda do celular. Para acabar com essa preguiça e bombar sua memória, você pode utilizar técnicas mnemônicas. Em resumo, é fazer a associação de palavras com algo conhecido para facilitar a lembrança. A técnica é baseada no princípio de que a mente humana tem mais facilidade de memorizar dados quando estão associados a informações pessoais, espaciais ou de caráter relativamente importante.
Uma volta no palácio das lembranças
O palácio da memória, também chamado método de loci (plural de locus, lugar em latim), é uma técnica mnemônica que depende de relações espaciais memorizadas para estabelecer e ordenar conteúdo. Baseia-se em criar um lugar imaginário, que pode ser construído inspirado em um lugar familiar (como a sua casa), um lugar totalmente fictício, ou a combinação de ambas as coisas. O segredo está em imaginar, por exemplo, sua lista de compras em situações bizarras nesse local. Se você precisa ir ao supermercado comprar lâmpadas, tomates, mel, xampu e vela, pense no seguinte: você abrindo a porta de sua casa, acendendo a luz de uma lâmpada em formato de tomate. Quando você passar por ela, a lâmpada derrama mel no seu cabelo que começa a pegar fogo. É meio esquisito, mas ajuda. Aliás, quanto mais esquisito, mais fácil de ser lembrado. Pode gravar telefones imaginando um 22 como dois patinhos, 5 como um senhor barrigudo, e por aí vai. Além de exercitar sua memória, ainda estimula a imaginação e a criatividade. Veja no vídeo a seguir a palestra do jornalista Joshua Foer, onde ele descreve a técnica palácio da memória e mostra suas características mais notáveis: qualquer um pode aprender a usá-las.
[Caso não visualize o vídeo abaixo, clique aqui]Mem o quê?
Você não imagina o que uma mistura da técnica mnemônica, com crowdsourcing e gamification pode fazer pelo seu aprendizado. As palavras são difíceis, mas a combinação desses conceitos resulta em algo bem divertido: Memrise. Sim, é mais uma palavra estranha, mas, calma, ela traz consigo ideias muito interessantes.
Memrise é uma plataforma de ensino que une ciência, diversão e colaboração. Quando você começa a participar do memrise, você entra no jardim do conhecimento. Cada palavra nova é uma planta que nasce. Quando um usuário fica tempo sem praticar, as flores murcham e ele recebe um comunicado por e-mail para voltar a treinar o vocabulário. Conforme vai evoluindo no treinamento, vai ganhando pontos. É possível ainda comparar seu desempenho com o de outros usuários.
Para ajudar o participante a se conectar a cada nova palavra de forma mais eficaz possível, o projeto utiliza “mems”. Mems são pedaços de informação interessantes e relevantes que os usuários veem abaixo de cada palavra que aprendem. Mems funcionam melhor quando estimulam seus sentidos, imaginação e suas emoções. Os mems podem ser mnemônicos, etimolígicos, vídeos engraçados, fotos, frases de exemplo: qualquer coisa que ajude o estudante a gravar o que está aprendendo. Além disso, você pode tornar-se um mem-makers, ajudando outros usuários a memorizarem novas palavras através das associações que você mesmo criou.
No Memrise há cursos de idiomas diversos, artes, literatura, matemática, ciência, história, geografia, entretenimento, sobre profissões e carreiras e sobre a natureza. Veja abaixo alguns exemplos de mems:
https://youtu.be/Z3Zr70I2Iwc
Esse é um compilado de mems sobre como dizer “Eu te amo” em 100 idiomas.
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