Com as facilidades de acesso às informações e a busca cada vez maior das empresas por profissionais qualificados, os adultos voltaram em peso para as salas de aula, visando o crescimento pessoal e profissional. Entretanto, bem sabemos que esse público é diferente dos jovens estudantes. Os adultos têm uma experiência de vida maior, já atuam no mercado de trabalho e, consequentemente, não dispõem de muito tempo para dedicar aos estudos. A partir daí surge o seguinte questionamento: será que os métodos comumente aplicados na educação de crianças e jovens atendem as particularidades deles? Bom, a resposta é não, e foi para resolver esta questão que se desenvolveu a andragogia.
Esse conceito não é algo novo. Foi cunhado por Malcolm Knowles na década de 1970 e corresponde à arte ou à ciência de orientar adultos a aprender. A nomenclatura, que tem origem das palavras gregas andros (adulto) e gogos (educar), visa entender o adulto no contexto de aprendizagem, quebrando os padrões apresentados pela pedagogia, cujo foco são as crianças e jovens. O objetivo é encontrar as melhores técnicas que direcionem a elaboração de cursos, facilitando o aprendizado dessas pessoas.
Quando pensamos no contexto corporativo, a andragogia exerce importante papel para o desenvolvimento de treinamentos e especializações, por exemplo. Isso porque essa ciência estabelece alguns princípios que desenvolvem o engajamento dos colaboradores com o conteúdo ministrado e otimizam o processo de ensino-aprendizagem. Como resultado, as metas estabelecidas têm mais chances de serem alcançadas, melhorando o desempenho individual e em conjunto dos participantes na empresa.
Os pressupostos da andragogia
Para conseguir resultados eficientes, a andragogia estabelece dez princípios básicos:
1 – Autonomia
A ideia tradicional de educação em que os alunos agem como simples receptores de conteúdo, como se fossem um depósito de informações, não tem mais vez, principalmente em relação aos adultos. De acordo com especialistas, os adultos aprendem mais e melhor quando percebem que têm autonomia no aprendizado, e isso significa que eles devem ter a chance de dialogar sobre o conteúdo, o que favorece a cooperação e a colaboração entre as pessoas. A ideia é que o estudante proponha mudanças, questione o que está em pauta e tenha espaço para ser criativo.
2 – Humildade
Este pressuposto é fundamental na relação entre o tutor e o aluno, sendo a base para a conciliação entre eles, promovendo a autonomia e a liberdade de ação e expressão. De forma mais concreta, a humildade andragógica permite estabelecer um canal aberto de confiança, aceitação e democracia entre os participantes de um curso durante o processo de aprendizagem. Com isso, ela é importante para estimular o ouvir, desenvolver o crescimento e fazer com que os adultos descubram suas limitações e fraquezas. A humildade está associada a processos psicossociais das relações intra e interpessoais na aprendizagem colaborativa.
3 – Iniciativa
Ter iniciativa é o ato de se empenhar para realizar novas atividades ou projetos independentemente de alguém ter ou não pedido. Na educação ela está ligada ao estudante ter motivação e engajamento suficientes com o conteúdo para buscar novos caminhos e informações, sem depender sempre do que o tutor apresenta na sala de aula. No caso dos adultos, a iniciativa é importante porque incentiva a criatividade, aumenta a capacidade de assumir novas competências e desenvolve a sensibilidade para novos desafios e descobertas.
4 – Dúvida
Este elemento é um grande aliado no processo de metacognição, ou seja, na capacidade de pensar sobre as formas de se resolver determinado problema. Isso porque estimula um diálogo crítico, por meio do qual o adulto questiona o que foi apresentado na teoria e na prática. Se um curso não despertar a dúvida, o processo de aprendizagem fica vulnerável e desprovido de intervenções e análises crítico-reflexivas.
5 – Mudança de rumo
Às vezes o planejamento realizado precisa de ajustes quando o curso já está em andamento, por isso, este fator está intimamente ligado à humildade do instrutor, que precisa estar aberto a mudanças quando for necessário. Isso facilita a obtenção de melhores resultados e estabelece um clima de confiança, transparência e respeito entre tutores e estudantes. E atenção! Uma mudança de rumo não é sinônimo de curso mal planejado ou falta de profissionalismo. Pelo contrário. Significa ter consciência de que é preciso seguir outra direção para conquistar as metas estabelecidas com maior eficácia.
6 – Contextos
O aprendizado dos adultos está fortemente ligado aos contextos educacionais, ambientais, culturais, socioeconômicos e políticos nos quais estão inseridos. Isso porque eles estão a todo momento relacionando as informações que já adquiriram àquelas que estão recebendo, sem contar que são esses contextos que determinam o nível do conhecimento de cada um. Também é preciso que os cursos tenham uma coerência entre a parte teórica e a prática, conectando os objetivos às metas e orientando as ações desenvolvidas neles.
7 – Experiência de vida
A experiência de uma pessoa é parte fundamental do seu conhecimento, por isso, não deve ser de forma alguma descartada nos métodos de ensino para adultos. Caso isso ocorra será desperdiçada qualquer possibilidade de reconstrução do saber. Especialistas explicam esse fenômeno comparando os seres humanos a uma “universidade ambulante”, considerando que tudo o que aprendemos ao longo da vida funciona como base para a construção de saberes. Assim, nossa experiência de vida serve como referência durante os momentos de análise, avaliação e decisão de toda informação que recebemos.
8 – Busca
Este pressuposto é a base para a autonomia e para a iniciativa dos estudantes e é fruto da curiosidade, abrindo os caminhos para a investigação. A busca desenvolve uma nova forma de ver o mundo, fazendo com que as pessoas questionem as verdades absolutas e analisem os diferentes contextos e cenários, o que é fundamental no processo de aprendizagem. É exatamente essa procura por informações e o interesse para compreender determinado tema que incentiva a criatividade e a curiosidade.
9 – Objetividade
Este elemento está intrinsecamente ligado à forma como os adultos veem o mundo, ou seja, o contexto no qual estão inseridos. O método de ensino precisa ser direto, evitando rodeios e a consequente perda de foco. Isso facilita que as metas estabelecidas para o curso sejam alcançadas e permite a criação de um canal coerente e que respeite a pessoa.
10 – Valor agregado
De acordo com especialistas, as pessoas se interessam mais em aprender algo que seja aplicado na prática, quer dizer, algo que tenha um valor real na vida delas. Por isso é essencial que os cursos e treinamentos apresentem de forma clara o valor que têm e como os participantes podem aplicar os conhecimentos adquiridos na realidade pessoal e profissional. Sem esse elemento, será difícil que o adulto aceite, compreenda e se comprometa com o aprendizado.
Bom, a importância dos treinamentos corporativos para o crescimento de uma empresa não é uma novidade e já foi bastante abordada aqui no blog. Afinal, contar com uma equipe atualizada e preparada é a chave para a inovação nos produtos e processos, fazendo com que o negócio se destaque da concorrência. Mas lembre-se: não adianta promover cursos de qualquer jeito, é preciso utilizar técnicas adequadas, como a andragogia. Por isso, continue acompanhando nosso blog! Logo postaremos mais informações sobre a andragogia e sua aplicação em cursos corporativos com foco em e-learning. E, claro, se tiver qualquer dúvida, entre em contato com a gente!