Reed Hastings, CEO da Netflix foi categórico ao afirmar: “A era da TV broadcast vai provavelmente durar até 2030”.
Em novembro, a Nielsen Ratings, empresa especializada em fazer levantamentos de audiência nos Estados Unidos, anunciou que começaria a medir a audiência do Netflix e do serviço de Streaming da Amazon. A pesquisa ainda não tem data para ficar pronta, mas os resultados provavelmente não resultarão em um reflexo tão fiel do comportamento consumidor do streaming online, pois o Nielsen vai ignorar os dispositivos móveis, nesse primeiro momento e os usuários sabem que não é sempre sentado em frente à TV ou computador que se vê filmes dessa maneira.
Quem conhece o mundo online não se surpreende com a resposta do CEO Reed Hastings à Nielsen. Tudo bem, à primeira vista, pode parecer uma afirmação até exagerada, mas quando o escritor Isaac Asimov disse na década de 1980 que no futuro as pessoas teriam acesso a computadores ligados à “biblioteca enormes”<google.com> onde qualquer um poderia perguntar qualquer coisa e receber respostas imediatas também pareceu exagero.
Desde 2008, as empresas de TV a cabo americanas perderam mais de 5 milhões de assinantes. Pesquisas da própria Nielsen apontam para um envelhecimento da média de idade dos telespectadores e, segundo essa¹ pesquisa divulgada no Business Insider, a TV aberta dos Estados Unidos, perdeu metade dos espectadores em dez anos (2002-2012).
Não é um fenômeno mundial logo de início. No Brasil aconteceu até um aumento de assinantes da TV paga, mas o aumento não se compara à perda da TV aberta. O horário nobre da rede globo já é culturalmente conhecido como o maior pico de audiência da TV. As quedas no Ibope demonstram uma perda gradativa desse costume. Além disso, o maior poder aquisitivo da nova classe média pode estar relacionado à adoção das assinaturas.
Na última década, fazendo uma comparação com novelas de sucesso que passam nesse horário: Senhora do Destino (2004) atingiu um pico de 50,49 pontos de audiência. A novela Avenida Brasil, considerada um dos maiores sucessos dos últimos anos, atingiu 38,8, apenas. O jornal nacional, considerado o telejornal mais importante do país, atingiu sua pior audiência em abril desse ano, quebrando o próprio recorde de dezembro de 2013.
O comportamento das pessoas em relação à TV vem mudando. Os relatórios anuais do ConsumerLab, laboratório de pesquisas da Ericsson mostram que 62% das pessoas entrevistadas usam redes sociais enquanto “assistem” TV. No Brasil esse número chega a 73%.
Nos EUA, a Copa do Mundo de Futebol neste ano trouxe o maior recorde de tráfego da internet. Uma empresa americana responsável por 25% do fluxo de dados registrou uma transição de 6 terabytes por segundo durante um jogo entre Estados Unidos e Alemanha. O que em dados é bastante coisa. Equivalem a 6144 GigaBytes, ou, mais de 1300 DVDs.
A Netflix alcançou em novembro 5 milhões de assinantes na América Latina. Multiplique isso pela possibilidade de cada assinatura se dividir em dois ou três perfis diferentes. O serviço conquista cada vez mais clientes pela combinação infalível de qualidade e preço. Enquanto o formato de Tv aberta ou por assinatura afunda com suas repetições de programação, falta de opção de áudio e legenda, reprises e comerciais intermináveis, o Netflix emerge e se expande a cada ano com séries exclusivas, variedade no catálogo, transmissão em Alta Definição e, a partir do ano que vem, Ultra Alta Definição (4K).
Esse formato vai muito além de filmes e seriados. Serviços semelhantes de músicas, por exemplo, conquistam cada vez mais mercado. Entre os principais estão o Spotify, o Deezer e o Groveshark. Todos eles com preços amigáveis e opções variadas.
Principais serviços de catálogo online com assinaturas mensais:
Além do surgimento de um novo nicho de mercado, esta mudança cultural traz benefícios para os usuários. Abraçando a Internet, o usuário deixa de receber o conteúdo encaixotado pronto e passa a ter uma participação mais ativa e exigente com a informação, seja no entretenimento ou nas notícias. A chamada revolução digital veio para comprovar que não é apenas uma mudança de tecnologia, é também uma transformação na própria sociedade.
¹ Business Insider