Você pode até não se dar conta, mas, com o crescimento na utilização das mídias sociais, é como se carregássemos placas on-line denunciando nossas preferências. Com o Orkut, por exemplo, é só dar uma olhada no perfil para saber que, quando criança “Tocava a campainha e corria”, “Eu amo chocolate” e “Odeio mentira”. Com o surgimento de diversas outras redes, isso ficou ainda mais evidente, fortalecendo a produção própria de conteúdo dos usuários e o compartilhamento de informações.
A etnografia é um método utilizado pela antropologia para recolher dados, e consiste no estudo de um objeto por vivência direta da realidade onde este se insere. Quando essa pesquisa acontece dentro da internet, ela é chamada de “netnografia”.
Sylvia Constant Vergara, em seu livro “Métodos de pesquisa em Administração”, define o conceito como “a abertura das portas do tradicional método etnográfico para o estudo de comunidades virtuais e da cibercultura. Originado no campo da antropologia, o método etnográfico consiste na inserção do pesquisador no ambiente, no dia-a-dia do grupo investigado”.
A netnografia pode ser grande aliada das empresas e de organizações de todos os tipos. Estar inserido no campo de atuação virtual do público que se pretende atingir é um caminho eficiente para a conquista de informações sobre gostos e preferências. Esse olhar apurado no âmbito virtual enriquece o planejamento de estratégias de atuação que vão além da rede mundial de computadores.
Em suma, a netnografia ajuda a desvendar o ser humano por trás do avatar, por meio de símbolos, mensagens, e todo o tipo de informação que o internauta lança na web. É quando as organizações passam enxergar além do “consumidor”, e preocupam-se com a “pessoa”. As mídias sociais são um campo e tanto para uma pesquisa etnográfica. As próprias redes utilizam a etnografia para traçar tendências de comportamento, com objetivo de adequar melhor as ferramentas de modo a satisfazer a vontade dos usuários de se expressarem e, ao mesmo tempo, recolherem mais e mais informações sobre eles.
Um exemplo recente foi praticado pela marca de absorventes Kotex. A empresa utilizou o Pinterest para pesquisar o comportamento de seu público: as mulheres. Foram selecionadas 50 mulheres com grande influência na rede e, após avaliarem suas preferências, por meio de seus “pins”, a empresa enviou uma caixa com presentes — todos relacionados ao que elas publicam no Pinterest. Veja o resultado no vídeo abaixo:
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