Educação

M-learning: a evolução da evolução do ensino

M-learning: a evolução da evolução do ensino

A educação a distância por meio de e-Learning deixou de ser só uma ideia inovadora para se tornar uma prática fortemente envolvida com a evolução na maneira de ensinar e aprender. O aprendizado eletrônico é palpável e já é utilizado em diversos negócios no Brasil e no mundo e, se o proceso é considerado a evolução da educação a distância (EAD), o m-Learning pode ser apontado como uma evolução do próprio e-Learning.

A presença massiva da mobilidade na nossa vida é inegável. Qualquer smartphone, por mais barato que seja, possibilita ao usuário carregar a internet no bolso e utilizar os variados sistemas para as mais diversas tarefas do dia a dia. Para os softwares educacionais e de treinamentos aproveitarem a portabilidade era só questão de tempo.

Um termo chave frequentemente relacionado ao aprendizado móvel é “BYOD” (Bring Your Own Device, ou, “Traga seu próprio dispositivo”). A sigla se popularizou em 2009 quando o chefe de segurança informacional da Intel reconheceu a importância de não fugir da tendência em plena era de ouro da popularização de smartphones e tablets.

A empresa, percebendo que muitos dos funcionários estavam levando seus dispositivos móveis para o trabalho e usando a rede da empresa, decidiu ir contra o caminho fácil de proibir o uso por conta das ameaças à segurança e abraçar a ideia da colaboração tecnológica. O BYOD se popularizou e em 2014 uma lei do estado americano da Califórnia chegou a regularizar o uso dos dispositivos dos funcionários.

A importância desse tipo de reconhecimento é a abertura de um campo com possibilidades infinitas para o m-Learning. Na empresas, nas escolas ou de maneira independente, o método democratiza a educação e motiva os alunos. A companhia de sistemas Cisco Systems fez em 2013 uma pesquisa com os seus empregados sobre os treinamentos que vinham sido implantados. O estudo demonstrou que 99% dos entrevistados acreditavam que o formato móvel de apresentação aprimorou a aprendizagem e todos os funcionários afirmaram que, com esse método, eles completariam mais treinamentos.

A possibilidade da tecnologia permite tanto o uso dos aparelhos como plataforma única do treinamento em questão como o uso do compartilhamento de arquivos, gráficos, anexos e apresentações em aulas presenciais. E assim como em outras plataformas de e-Learning, a parte técnica não vem para substituir ou competir com educação tradicional, mas sim para complementá-la. Os sistemas bem desenvolvidos, inclusive, podem e devem fazer conexões, referenciando outros materiais de apoio para aperfeiçoar a continuidade do estudo.

Muito mais que no âmbito empresarial, as novas plataformas de aprendizagem obviamente prometem dar continuidade à evolução da educação básica de crianças e adultos, do aprendizado de idiomas e de outros cursos isolados. Por não necessitar de nenhuma grande estrutura e possibilitar o desenvolvimento de sistemas de aprendizado offline, a plataforma é também uma forma alternativa de aprendizado, o que pode ser a solução para aplicação em comunidades afastadas ou quaisquer grupos de pessoas que vivem à margem da sociedade, fortalecendo o poder democratizador da educação.

Além da distância, pessoas mais idosas ou com dificuldade de se adaptar aos sistemas de e-Learning via internet, podem ter aqui a chance de tirar proveito do ensino a distância, já que os tablets e smartphones têm uma tendência natural de maior facilidade de manejo por telas de toque, softwares com estruturação mais simples etc.

Em uma matéria do site The Verge, Bill Gates fez uma previsão para o aprendizado livre e independente no futuro próximo: “Antes da criança sequer chegar ao primário, ela será capaz de usar o smartphone da mãe para aprender letras e números”. É só uma ideia, por enquanto, mas não um tiro no escuro. A sociedade é sempre moldada pela educação e o conhecimento da geração que está no comando. E possibilidades como o acesso fácil a uma educação diferenciada, fortalecendo qualidades específicas das pessoas, compõem um cenário empolgante.

Além da facilidade de alcance, uma das facetas mais importantes do m-Learningé essa de exclusividade de aprendizagem. O “M” no início vai muito além do mobile-learning (aprendizagem móvel) e ganha um novo significado, o me-learning (algo como “aprendizagem para mim”). Seja na escola ou na empresa, o aprendiz pode se desenvolver no que ele é melhor. Apostar nas próprias qualidades através de games, vídeos, checklists e apresentações que se moldam ao seu uso.

Essa autonomia dos estudantes gera resultados para ele mesmo e para o grupo. A troca e a retroalimentação de aprendizado ocorrem quando professor e estudante têm voz simultaneamente, o que gera benefícios mútuos.

Os cuidados desses sistemas, assim como no e-Learning devem ser voltados para o perigo de se tornarem obsoletos. Para evitar qualquer imprevisto, mau funcionamento ou falta de foco dos usuários, é preciso sempre aliar expectativas e objetivos bem definidos ao planejamento de cada treinamento. Sempre tendo em mente de que o conteúdo ainda precisa ser visto como a parte mais importante do processo e a tecnologia é uma ferramenta.

O m-Learning vem para revolucionar o e-Learning, que por sua vez, veio para revolucionar o ensino a distância e a educação. Não uma revolução no sentido de substituição pura e simples, mas uma mudança que venha para trazer métodos de ensino tradicionais para o futuro e com o objetivo de facilitar o compartilhamento de conhecimento.

Tópicos: