Inteligência é a capacidade que temos de compreender a natureza e o significado das coisas e, a partir disso, encontrar soluções para problemas e construir conhecimento com base no aprendizado das experiências. Já a criatividade é um processo que gera novas ideias e soluções a partir do rompimento de padrões de pensamento. Não se pode dizer que uma coisa seja igual à outra, é verdade. Mas, e se pudéssemos reunir esses dois conceitos em um só, como seria? Não apenas seria como de fato já é: o conceito de Inteligência Criativa foi abordado pelo professor Bruce Nussbaum em seu livro Creative Intelligence, em português, Inteligência Criativa.
A diferença entre os dois termos, ambos essenciais na solução de um conflito ou criação de algo novo, está no fato de que a inteligência foca no aperfeiçoamento de ideias que já existem para atingir um objetivo, e a criatividade é responsável por criar um novo caminho ou fazer uma nova combinação com os caminhos já descobertos.
Vamos citar como exemplo uma coisa para a qual você deve estar olhando neste exato momento para ler este texto: os telefones celulares. Alguém bem criativo (até onde sabemos o nome dele é Martin Cooper) foi responsável por reinventar a experiência de falar ao telefone e lançou a telefonia móvel. E a inteligência, nesse caso, teve e tem até hoje a missão de ir aprimorando cada vez mais a tecnologia a cada aparelho lançado.
O sistema de educação que temos nos dias atuais é capaz de formar pessoas muito inteligentes, porém, na maioria das vezes, pouco criativas, já que geralmente o processo de ensino está engessado em um formato previsível e previamente construído. Podemos dizer, então, que a inteligência é mais fácil de ser ensinada, mas a criatividade já é algo mais espontâneo.
Mas ser criativo não é um dom? Não na opinião de Bruce. Segundo o pesquisador, criatividade não é só coisa para gênios: todos nós nascemos criativos e podemos aprender a ser ainda mais, pois também é o resultado de muita observação e interação social. Para ajudar pessoas e organizações a serem mais criativas, Bruce enumera cinco competências da Inteligência Criativa:
- Conectar informações de várias fontes de maneiras novas e inusitadas, utilizando suas próprias experiências e aspirações como um ponto de partida para sonhar com coisas diferentes;
- Compreender seu quadro de referência, ou seja, sua forma de ver o mundo em relação aos outros, para conseguir mudar as perspectivas de acordo com a situação que estiver vivendo;
- Sempre trabalhar da forma mais lúdica possível, pois esse formato nos torna mais dispostos a assumir riscos, explorar possibilidades e a caminhar pela incerteza sem ser paralisado pelo medo do fracasso;
- Se você gosta de reinventar produtos e processos, a hora é esta: já é possível fazer isso graças a uma série de novas tecnologias e ferramentas;
- Pessoas criativas de verdade não ficam só na fase das ideias, então, que tal já começar a executá-las?
Para o pesquisador, os métodos tradicionais para lidar com problemas já se tornaram ultrapassados, porque, de acordo com ele, o mundo em vivemos atualmente está submetido às forças em Vuca: volatility, uncertainly, complexity e ambiguity. Em português, volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
Ou seja, na maioria das vezes não sabemos nem mesmo qual é o problema exato e muito menos a resposta para dar a ele. É aí que a Inteligência Criativa entra em ação, gerando inovação ao tentar descobrir causas e soluções e resultando em habilidades para criar novos produtos e enquadrar novos problemas em novos formatos para conseguir resolvê-los.
Afinal de contas, como o próprio Einstein já dizia, “a criatividade é a inteligência se divertindo”.