Observar o mercado e identificar novas oportunidades é uma ação que deve fazer parte da rotina de qualquer empreendedor. Nesse sentido, inovação é a palavra-chave. Esse assunto foi discutido por dois grandes nomes do mercado brasileiro em uma palestra realizada em um dos principais eventos de gestão e negócios do Sul do país, a Expogestão 2016¹: Malte Horeyseck, sócio co-fundador da Dafiti e Peter Fernandez, diretor de produto na 99Taxis.
Mas você sabe o que é exatamente inovação? Bom, Horeyseck definiu como um novo conceito ou objeto que chega no mercado. Ela é caracterizada pela novidade e geralmente acontece quando uma ideia é trabalhada ao longo das etapas do ciclo da inovação: ter a ideia, construí-la, implantá-la, validá-la, aprender com o que foi realizado e, assim, buscar o aprimoramento constantemente. Mas ele ressalta que a inovação não precisa ser necessariamente algo nunca visto até então e diz que “pode ser uma inovação regional para uma audiência que ainda não conhece esse produto”.
A inovação é classificada de duas formas: contínua, com o objetivo de melhorar um produto ou um processo, e a disruptiva, que corresponde à criação de novos mercados. Para explicar melhor esse segundo tipo, Horeyseck explica que ela acontece quando já existe um produto, mas a empresa quer ou precisa mudar o modelo de negócio que proporciona sua atual rentabilidade. Um caso clássico para ilustrar a inovação disruptiva é o da Kodak. Você já ouviu falar nele?
Essa empresa era consagrada como uma das principais no mercado de fotografia analógica, mas a situação começou a mudar com a popularização das câmeras digitais. Por incrível que pareça, foi a própria Kodak que criou esse equipamento na década de 1970, mas decidiu não investir no produto por ele ameaçar o comércio dos filmes, sua principal fonte de renda. Quando se deu conta, a fotografia digital já era uma realidade, de modo que todos os concorrentes tinham câmeras digitais de alta qualidade. O resultado? Bom, a Kodak ficou para trás e, como o próprio Horeyseck disse, era melhor que o investimento em câmeras digitais tivesse sido uma iniciativa da própria empresa do que da concorrência.
Ainda sobre esse assunto, é importante destacar que a inovação disruptiva é constituída por basicamente três fatores: o combate à falta de consumo, a conquista de um novo público-alvo e a mudança de cultura. O primeiro diz respeito a fazer determinado produto chegar ao consumidor final, enquanto o segundo está geralmente relacionado ao preço. Para exemplificar, Horeyseck citou o curso de MBA na Harvard Business School, cujo preço gira em torno de U$ 90 mil. Ao oferecê-lo em plataforma digital, o custo torna-se muito mais baixo e a tecnologia proporciona um modelo de negócio diferenciado, criando um produto para um novo público.
Os elementos para gerar inovação
Fernandez, o diretor de produto da 99Taxis, explicou quais ações são importantes para gerar inovação em uma empresa. Para ele, o primeiro passo é conhecer bem o cliente e ter um contato real com ele. Daí a importância do atendimento ao consumidor, que deve ser pensado como um investimento. Afinal, ele é o canal direto com quem está interessado nos produtos ou serviços oferecidos, permitindo que a empresa saiba quais são suas reais necessidades e, assim, possa oferecer soluções novas e apropriadas.
O executivo também questionou o fato de as métricas do atendimento ao consumidor focarem apenas em reduzir o tempo destinado a esse trabalho e não na satisfação dos clientes. “A gente quer clientes felizes, porque eles falam da marca. Eles fazem o marketing mais efetivo e mais barato possível, que se chama boca a boca”, explicou. Além disso, Fernandez também ressaltou que apenas garantindo o bem-estar do cliente é possível fidelizá-lo à empresa.
O segundo ponto destacado para estimular a inovação é a contratação dos melhores profissionais, pois eles encontram as soluções mais adequadas. Mas a pergunta é: como direcionar uma excelente equipe para a inovação? Fernandez explica que isso é adquirido a partir da transparência com os funcionários.
Além disso, ele considera importante exigir resultados dos funcionários ao invés de cobrar horas trabalhadas. O motivo é o fato de que as pessoas precisam estar bem para desempenhar com excelência as atividades. Por isso, ele utiliza a própria 99Táxis como exemplo. Lá, os funcionários têm a liberdade de dormir durante o expediente, caso sintam essa necessidade. “A empresa tem um quadro onde as metas são escritas e divididas entre as equipes. A função é cobrada em cima disso. O jeito como ele [funcionário] fez isso não importa”, finaliza.