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Impressão 3D: a revolução criativa e colaborativa da manufatura

Impressão 3D – a revolução criativa e colaborativa da manufatura

No filme “Tempos modernos” Charles Chaplin retrata a história da evolução da indústria, mostrando a relação entre os trabalhadores e as máquinas e de que forma isso influenciou na vida deles. No filme, os trabalhadores são como uma peça a mais das máquinas — criatividade, flexibilidade e interação são palavras desconhecidas nesse contexto. Bem diferente dos nossos “tempos contemporâneos”, em que valorizamos a criatividade e a inovação, nos “tempos modernos” estavam em alta as engrenagens e padronizações.

Alguns conceitos-chave são abordados no filme, tais como o Fordismo — um sistema de produção, criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, cuja principal característica é a fabricação em massa para o consumo em massa —, baseado numa linha de montagem. É dele a famosa frase “O cliente pode ter o carro na cor que quiser, contanto que seja preto”.

Ford disse isso se referindo ao modelo Ford T, que seguia sempre o mesmo padrão e era produzido apenas na cor preta — tudo visando reduzir ao máximo os custos de produção e, assim, baratear o produto, podendo vender para o maior número possível de pessoas. As preferências e os gostos dos consumidores definitivamente não eram levados em conta. Deu certo no contexto histórico da época, mas esse engessamento foi perdendo espaço e, atualmente, a personalização, a diversidade e a inovação são o que os consumidores buscam. Consumidores esses que, agora, têm voz e participação na fabricação de produtos e desenvolvimento de serviços. O que pensaria Ford sobre o tal do crowdsourcing?

Impressão 3D: a revolução criativa e colaborativa da manufatura

O contexto atual é realmente bem diferente e muitos dizem que estamos vendo outro tipo de revolução na forma de produzir. É um tipo de produção que inverte essa lógica de produtos padronizados, facilita a confecção de peças únicas e possibilita autonomia de produção para mim, para você e para quem mais tiver acesso à ferramenta que tem causado essas mudanças — a impressora 3D.

Há vários tipos de impressão 3D, mas todos eles compartilham algo em comum: produzir um objeto tridimensional, camada por camada do material, até que o objeto inteiro esteja completo. É a chamada manufatura aditiva. O objeto é desenhado em softwares (como o Google SketchUp) e a impressora lê e identifica a forma, imprimindo-a por camadas. Cada uma destas camadas é cortada em fatias finas, em corte transversal horizontal. Imagine um bolo de multicamada, com o padeiro que fixa uma parte por vez, até que todo o bolo seja formado. Na impressão 3D é mais ou menos assim. Clique aqui e aqui para conhecer a explicação sobre como funciona e quais as possibilidades dessa ferramenta.

As possibilidades da impressão 3D realmente são muitas. E a cada dia aumentam mais. Atualmente, você já pode se deparar com notícias como:

Carro produzido com impressora 3D pesa 544 kg (viu essa, Ford?)
Cartilagem humana é feita com impressora 3D
Impressora 3D pode imprimir tecidos biológicos
Base na Lua poderá ser construída com impressora 3D
Cientistas criam orelha biônica com impressora 3D nos EUA
Nasa conclui testes de componente de foguetes feito com impressora 3D

3Dezando

Impressão 3D: a revolução criativa e colaborativa da manufatura

Quando a impressão 3D pode substituir partes de nosso corpo e até chegar ao espaço, é o momento em que você consegue realizar que não há limites para o uso dessa tecnologia.

Falando em limites, a impressora 3D tem ultrapassado os limites para uso industrial e vem, pouco a pouco, se popularizando. Alguns dizem até que, em um futuro próximo, a presença de uma impressora 3D nas casas será tão comum quanto é hoje um computador. Bem, se você ainda não tem uma máquina dessas em sua sala de estar ou não tem acesso a softwares para a criação digital dos produtos, já existem alguns serviços que facilitam o acesso a itens feitos por impressão tridimensional. Você tem uma ideia e encomenda um produto feito por e para você. Nas plataformas Shapeways e Sculpteo, por exemplo, os usuários podem produzir, comprar produtos e vender as suas próprias produções. Isso mostra que, além de novas formas de produzir produtos, as impressoras 3D poderão gerar novos modelos de negócios.

Faça você mesmo

Impressão 3D: a revolução criativa e colaborativa da manufatura

Há ainda outro movimento de popularização da impressora 3D que utiliza a lógica do “faça você mesmo” não só para a fabricação dos produtos, como também para a fabricação da própria impressora. É o que faz o projeto RepRap. A RepRap é uma impressora 3D, de código aberto — é um software de distribuição livre. Como a maioria das peças da RepRap são feitas de plástico e a própria RepRap pode imprimir estas peças, então a RepRap é uma máquina autoreplicavél. Isso significa que, se você tiver uma RepRap, você poderá imprimir conjuntos de peças de maneira prática, e pode, desta forma, também imprimir outra RepRap para um amigo. No Brasil, uma das empresas a aderir ao projeto RepRap foi a Metamáquina. Saiba mais no vídeo a seguir:

De olho nessa tendência, a Amazon lançou uma loja exclusivamente para os amantes da impressão 3D – acessórios, peças, livros e impressoras completas, caso não queira se dar ao trabalho de montar uma.

Porém, algumas coisas ainda parecem suscitar muitas dúvidas em relação à impressão 3D. Uma delas diz respeito aos direitos autorais. Quando se trata de objetos físicos, a lei possui diversas interpretações. Quando você cria a representação de um objeto simples, como um action figure para colocar na sua mesa de trabalho, por exemplo, seja ele impresso ou não, dificilmente responderá por quebra de direitos. Porém, se começar a fabricar e vender um modelo em miniatura do Homem de Ferro semelhante ao que está sendo vendido “oficialmente”, você pode vir a enfrentar problemas com a justiça, pois está quebrando algumas patentes. Caso você tenha desenvolvido um objeto e queira processar alguém que copiou esse modelo, em alguns casos é possível, em outros não. Imagine que você tenha criado uma cadeira com apoios para os braços completamente diferentes do padrão tradicional. Esses detalhes são os diferenciais criados por você e podem ser protegidos pela lei. Contudo, o restante da cadeira não conta no processo, pois é um objeto comum.

A quarta dimensão

Mas é claro que enquanto nós, meros mortais, estamos ainda tentando entender a impressão 3D e tudo que ela vai revolucionar em nossas vidas, existe algum pesquisador no mundo que está a muitos passos à frente, pensando na impressão 4D. O nome desse pesquisador é Skylar Tibbits. Em sua palestra no TED, ele explica que a impressora 4D produz uma espécie de cordão, em que cada elo que o forma é programável. A pessoa cria os comandos e aquele objeto se transforma em outros objetos. De um cubo para uma pirâmide, sem que você precise encostar em nada, ele se transforma sozinho. (É o “faça você mesmo” direcionado ao próprio objeto).

Tá pensando sobre a aplicação disso? Tibbits explica: “O que isso nos diz sobre o futuro? Acho que está dizendo que há novas possibilidades de automontagem, replicação em reparação em nossas estruturas físicas, nossos prédios, máquinas. Imagine se nossos prédios, pontes, máquinas, todos nossos tijolos pudessem realmente computar?”.

Clique aqui e veja o vídeo da palestra em que ele conta detalhes desse projeto.


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