Você sabia que pessoas estão sendo agredidas por serem bonitas? Por ciúmes? Que vídeos e fotos com cenas da agressão estão caindo na internet? Rostos machucados, dentes quebrados e cabelos cortados são os menores dos problemas quando o mais afetado é o psicológico, que pode causar até a morte.
O caso de Rehtaeh Parsons
Rehtaeh (foto) era uma jovem de apenas 17 anos quando cometeu suicídio depois de ter virado alvo de cyberbullying. A garota morava na Nova Escócia, uma das províncias do Canadá, e aos 15 anos foi a uma festa onde abusou do consumo de álcool e quatro jovens se aproveitaram da situação para violentá-la sexualmente. Para agravar ainda mais a situação, um dos agressores fotografou a menina nua e em uma situação deplorável. A imagem passou a circular na internet e aonde quer que Rehtaeh fosse, ela nunca mais teve paz. Não suportando mais toda a situação, em abril de 2014 a garota tirou a própria vida.
Como podemos ver no caso acima, o cyberbulling é uma forma de bullying ainda mais agressiva devido à proporção e à velocidade com que as informações publicadas na internet se proliferam.
Casos de cyberbullying estão aumentando cada vez mais no país. De acordo com a pesquisa realizada em 2009 pela Plan Internacional Brasil com cinco mil estudantes brasileiros, 17% das crianças entre os 10 e 14 anos já foram vítimas desse tipo de violência pelo menos uma vez. Desses, 87% foram por textos e imagens enviados por e-mail ou sites de relacionamento.
Em 2014, uma nova pesquisa realizada por ONGs ligadas aos direitos das crianças na América Latina revelou que aproximadamente 52% dos jovens entre 13 a 18 anos já sofreram algum tipo de discriminação nas redes sociais, que por sua vez, são grandes difusoras do cyberbullying.
Páginas e comunidades são criadas a todo o momento com o intuito de falar mal e humilhar. Palavras como “eu odeio” estão presentes em diversas delas, além daquelas carregadas de preconceitos contra negros, idosos, índios, pobres e mulheres, por exemplo. Isso sem mencionar os perfis fakes, que são criados geralmente para o uso indevido. Uma simples foto postada pode se tornar uma grande ameaça e em muitos casos pode levar até a morte.
Enquanto bullies acham que a “zuera never ends”, vítimas como Rehtaeh vivem grandes instabilidades emocionais que acarretam em diversos problemas de saúde, como estresse, baixa autoestima, queda em rendimento escolar, fobias, bulimia, anorexia, depressão e, nos piores casos, homicídio e suicídio.
De menina distraída à garota determinada
No entanto, da mesma maneira que há quem tanto prejudica as pessoas, existem outros que só querem ajudar, como é o caso da jornalista Vanessa Bencz. Ela foi vítima de bullying durante a infância na escola e por diversos anos carregou os traumas disto. Hoje, dedica-se a falar sobre o assunto para crianças e adolescentes. Além disso, criou a história em quadrinhos A Menina Distraída¹, que conta um pouco do que viveu.
Para ela, muitas pessoas consideram que a vida real é aquela que veem através da tela do computador, do celular ou do tablet: “Não cheguei a ser vítima de cyberbullying, mas sei que hoje, a internet, infelizmente, é o canal preferido dos bullies para humilhar os outros”, comenta.
A HQ “A Menina Distraída”, que será lançada no dia 12 de dezembro deste ano, está sendo desenvolvida por Vanessa, pelo desenhista Fabio Ori e pelo ilustrador Denny Fischer. O projeto foi colocado no Catarse, ferramenta que possibilita o financiamento de ideias criativas. Em 45 dias, a campanha arrecadou R$ 21 mil. Assim, Vanessa passou da menina distraída à garota determinada.
Confira um pouquinho dessa história:
Quer saber mais sobre esse assunto? Assista ao filme: Cyberbully
Lançado em 2011 nos Estados Unidos e em 2012 no Brasil, o filme conta a história da adolescente Taylor (Emily Osment), que ganha um notebook de sua mãe e resolve criar um perfil em uma rede social. Seu irmão, com muita inveja pelo fato dela ter ganhado um notebook e ele não, descobre a senha dela e começa a postar coisas sobre a irmã. Assim, a menina passa a sofrer cyberbullying na escola.
O filme retrata bem realidade de quem sobre esse tipo de violência. Vale a pena assistir!
¹ A Menina Distraída
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