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Cinema: a indústria dos sonhos e da tecnologia

Cinema: A indústria dos sonhos e a tecnologia

Desde a invenção do cinema, essa modalidade artística prometia ser a indústria dos sonhos. Para isso, o desenvolvimento tecnológico sempre trouxe poderosas contribuições às grandes telas. A sétima arte, em si, é um espelho da evolução das tecnologias: da pintura à fotografia, da fotografia ao movimento. Neste percurso, a qualidade desse movimento foi evoluindo para se aproximar o máximo possível da realidade; até se permitir ir além, falar do fantástico, do inalcançável.

Assim, métodos primitivos de edição que instigariam a criatividade e tornariam o cinema, de fato, uma indústria dos sonhos, começaram a surgir, como visto em A Viagem à Lua (1902), de George Méliès – um dos primeiros filmes a empregar efeitos visuais e a primeira ficção científica da sétima arte. [Veja o filme completo¹].

Inicialmente o objetivo de tais efeitos era puramente externar a criatividade, sem compromisso com grandes ganhos. Exatamente por isso, a Fox não acreditou em todo o potencial de Star Wars: Episódio IV (1977), uma ideia tida como absurda apresentada pelo cineasta George Lucas, que viria a se tornar um divisor de águas no uso dos efeitos visuais. Pela primeira vez, ainda que de forma arcaica, computadores eram utilizados para criar sequências e aumentar o realismo das cenas.

Mais tarde, em 1993, Steven Spielberg foi convencido de que os efeitos digitais já haviam evoluído suficientemente para que os dinossauros de Jurassic Park² fossem criados por computador. Em Matrix (1999), o mundo digital fazia parte tanto do enredo do longa quanto do processo de criação, que trouxe evoluções históricas, como o Bullet-Time³ — modalidade de efeito especial em que os movimentos de personagens ou objetos são mostrados em câmera lenta para obter o maior nível de detalhes possível. A ferramenta tornou-se popular nos filmes de ação que surgiriam depois da ficção de Andy e Lana Wachowski, criadores de Matrix.

Na trilogia O Senhor dos Anéis (2001-2003), foi empregada a técnica de captura de performance para a criação de Gollum (Smeagol). O ator Andy Serkys encarnou a criatura vestindo uma roupa cheia de pontos eletrônicos que eram usados para que o computador pudesse reconhecer os movimentos do ator e dar vida ao personagem.

A partir daí, com o avanço da internet, com a popularização das câmeras digitais e as tecnologias que foram surgindo paralelamente ao cinema, a sétima arte se viu obrigada a correr contra o tempo e tornar atrativa a visita à sala escura, que já sofria forte concorrência com os filmes baixados na rede. A evolução no cinema deixou de ser uma ferramenta criativa, para ganhar um caráter competitivo frente às tecnologias emergentes que, de acordo com Hollywood, esvaziaram as salas de cinema.

A primeira grande aposta dos produtores cinematográficos foi Avatar⁴ (2009), de James Cameron. Com o título de “criador do Titanic⁵” (filme de 1997 que é um dos mais vistos da história), o diretor reuniu todas as tecnologias existentes, as aperfeiçoou, desenvolveu novos tipos de câmeras e produziu um longa-metragem em 3D que revolucionou a sétima arte. Iniciou assim a era 3D, que deu novo fôlego para a indústria cinematográfica e garantiu bons índices de arrecadação nas bilheterias, apesar da redução da quantidade de salas de cinema.

A velocidade é o futuro no cinema

Dispositivos móveis passaram a oferecer ferramentas para transpor a magia das grandes telas para tamanhos menores. Smartphones, tablets, notebooks e TVs passaram a vir, também, com a tecnologia de exibição em terceira dimensão. “É uma pena. Se uma pessoa quer ter a experiência completa de ir ao cinema, essa não é a forma certa. É algo diferente. Ter um filme no iPod é como ter um cartão postal de Paris no seu mural. É uma lembrança. Nunca vai superar a Paris de verdade”. A declaração é de Peter Jackson, diretor que ganhou visibilidade após a trilogia O Senhor dos Anéis. A mais recente decisão do diretor foi filmar O Hobbit⁶, pré-sequência da Saga do Anel, na velocidade de 48 quadros por segundo (48 fps), ou seja, o dobro do que estamos habituados a ver na sala escura. A experiência confere um nível de realismo ímpar, superior a qualquer outra plataforma de exibição. A qualidade do som também é superior ao convencional e o 3D fica mais bem-realizado, segundo especialistas.

O novo formato divide opiniões. Críticos e especialistas no mundo todo divergiram, após assistir O Hobbit em 48 fps, se este seria, realmente, o futuro do cinema. O principal argumento é que não parece cinema, e sim uma transmissão em TV Full HD. Peter Jackson defende: “Os cinéfilos e críticos cinematográficos sérios que veem o 24 fps como sagrado são muito negativos [acerca da novidade] e absolutamente a odeiam. Todo mundo com quem falei com menos de 20 anos de idade acha fantástico. Não ouvi uma só coisa negativa dos jovens, e é essa garotada que está assistindo filmes nos seus iPads. São essas as pessoas que eu quero que voltem ao cinema”.

As críticas em torno da nova tecnologia não interromperam os planos de James Cameron de, mais uma vez, inovar, e produzir as sequências de Avatar em 60 quadros por segundo — qualidade de imagem ainda superior ao O Hobbit. Avatar 2 deve chegar à sala escura só no final de 2015.

Até lá, muitas tecnologias em diferentes plataformas vão aparecer para “competir” com o cinema e este continuará sua saga de evolução para se manter como uma eterna indústria dos sonhos.

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